segunda-feira, 15 de junho de 2015

Formação profissional em perigo

A formação profissional, concretamente a proporcionada pelo CENFIM, tem sido um dos pilares principais para o sucesso sustentado do sector metalúrgico e metalomecânico.

Recentemente o CENFIM comemorou os seus 30 anos ao serviço da indústria organizando uma sessão pública com 1200 formandos, ie, uma pequena parte dos 14.000 que anualmente passam pelo centro de formação. Todos eles têm já um posto de trabalho adequado às suas competências e aspirações.

O Presidente da AIMMAP, Aníbal Campos, está preocupado pois todo este trabalho está a ser posto em risco pelo actual Ministério da Educação, com uma medida suicida e meramente economicista para financiar as escolas e a gordurosa máquina do Ministério da Educação. É chocante. Veja porquê no editorial da Tecnometal aqui

"Gestão irresponsável da formação profissional

Tal como temos sublinhado repetidamente, os extraordinários números das empresas do setor metalúrgico e metalomecânico não surgiram por acaso.
Pelo contrário, são o resultado da competência, do esforço e da determinação de um vasto conjunto de atores.
Em primeiro lugar, como é óbvio, das próprias empresas, as quais souberam implementar estratégias inteligentes de aposta na qualidade e na diferenciação.
E em segundo lugar das entidades de suporte ao setor, com especial destaque para a AIMMAP, o CATIM e o CENFIM.
Sem vaidades excessivas mas igualmente sem falsas modéstias, tenho todo o gosto em enfatizar a qualidade das iniciativas promovidas por tais entidades em prol do setor que representam e das empresas que servem.
E não tenho quaisquer dúvidas de que as nossas empresas de sucesso têm absoluta consciência da importância do trabalho de tais organizações.
No passado dia 15 de maio, o setor teve oportunidade de assistir à concretização de um evento verdadeiramente marcante, organizado precisamente por uma dessas instituições de serviço à indústria metalúrgica e metalomecânica.
Em Santarém, o CENFIM levou a efeito, no âmbito do programa de comemorações do seu trigésimo aniversário, uma importante sessão no âmbito da qual, entre várias outras iniciativas, foram apresentados projetos de empreendedorismo dos seus alunos e premiados os formandos que mais se destacaram nos campeonatos das profissões da lusofonia.
Participaram na sessão cerca de 1.200 formandos do CENFIM, com a particularidade de todos eles terem a garantia de que no final dos seus cursos terão um posto de trabalho adequado às suas competências numa das muitas boas empresas do setor metalúrgico e metalomecânico.
Aqueles são apenas uma parte das 14.000 pessoas que anualmente frequentam as ações de formação realizadas nos 13 Núcleos do CENFIM.
Na verdade, o CENFIM tem desempenhado um papel fundamental na qualificação dos recursos humanos das empresas do setor metalúrgico e metalomecânico.
Trata-se do maior e mais qualificado centro de formação profissional no nosso país e contribui decisivamente para que as exportações das nossas empresas continuem a aumentar.
Infelizmente, as políticas do governo vão impedir totalmente que o CENFIM continue a acrescentar valor ao mais importante setor da economia portuguesa.
Tal como é sabido, o governo português vai esvaziar completamente os centros protocolares de formação profissional e prepara-se para transferir todas as suas competências para a rede de escolas do Ministério da Educação.
Por responsabilidade exclusiva de atual Ministro da Educação, os centros de formação em geral e o CENFIM muito em particular vão deixar de poder continuar a ministrar cursos de aprendizagem para jovens. Pelo que vão ser objetivamente impedidos de cumprir a sua vocação. E o mais grave é que, em consequência, ficam impossibilitados de contribuir para o crescimento de economia.
Com efeito, o Ministério da Educação entende que esses cursos de formação profissional que o CENFIM tem vindo a promover com extraordinário sucesso devem passar a ser realizados pelas suas escolas.
E nesse sentido prepara-se para impedir que os centros protocolares lhe possam fazer concorrência, proibindo-os legalmente de continuarem a fazer o que sempre fizeram em benefício da economia portuguesa.
Esta é uma medida absolutamente inacreditável num estado de direito, sendo irresponsável e mesmo suicida.
Ao querer atribuir às escolas do Ministério da Educação a competência para promover cursos de formação profissional, o governo quer fundamentalmente sequestrar as verbas que o Portugal 2020 tem destinadas ao apoio à qualificação dos trabalhadores.
Ou seja, o governo pretende dessa forma resolver os problemas de financiamento da máquina do Ministério da Educação. Como é incapaz de a reorganizar, de a tornar eficiente e de lhe reduzir os custos de funcionamento, tenta estas habilidades para manter tudo como está.
Na prática, o governo impede os centros protocolares de formação de continuarem a cumprir com mérito a sua vocação, para assim poder chamar a si as competências em sede de formação profissional e dessa forma poder aceder aos fundos que o novo quadro comunitário tem previstos nesse âmbito.
É chocante que o governo liquide a atividade de entidades de excelência como o CENFIM.
É lamentável que em seguida substitua tais entidades por escolas sem qualquer competência ou vocação para o efeito.
É triste que essas habilidades sejam motivadas por critérios meramente economicistas.
E é verdadeiramente assustador que tais habilidades sejam idealizadas, concebidas, preparadas e implementadas sem que num só segundo se tenha pensado nos interesses das empresas, dos trabalhadores, dos jovens e da economia nacional.
Se tudo isto vier a concretizar-se será bom que o país comece a fixar o nome do atual Ministro da Educação, o qual ficará na história como o principal responsável pela destruição da formação profissional no nosso país, o que, inevitavelmente, irá fazer definhar a nossa economia.
Para que se perceba melhor, essa será uma medida tão ou mais grave do que aquela que, na década de setenta, acabou com as escolas industriais em Portugal.
O Presidente da Direção
Aníbal Campos"

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