segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A enorme importância de um sector pouco reconhecido

A Comissão Europeia reconheceu muito recentemente, num trabalho com alguma difusão pública, que o sector metalúrgico e metalomecânico europeu parece por vezes invisível.
No editorial da edição n.º 189 da TecnoMetal, o Presidente da Direcção da AIMMAP, tendo como mote o referido trabalho da Comissão Europeia, lamentou a forma com que este sector do metal tem sido encarado por muitos agentes sociais e políticos.
Dado a pertinência do assunto, passa a transcrever-se o editorial em causa nas linhas subsequente deste blogue.
"O sector invisível

Muito recentemente o sector metalúrgico e metalomecânico foi classificado em textos da responsabilidade da Comissão Europeia como o sector invisível.
Como é óbvio, esta classificação não tem nada de oficial, sendo sim, pelo contrário, meramente oficiosa.
Pela carga simbólica que lhe está subjacente, não deixa ainda assim de ser uma expressão muito feliz.
Aparentemente, o sector metalúrgico e metalomecânico é invisível perante a opinião pública e o poder político, um pouco por toda a Europa.
É injusto e imerecido. Mas é a realidade das coisas! E muitos são os motivos para que assim suceda.
Em primeiro lugar porque o sector é constituído por uma significativa predominância de pequenas e médias empresas, as quais raramente são objecto de notícias na comunicação social. E nesta cruel sociedade em que vivemos, parece que quem não aparece nos media não merece existir.
Por outro lado, porque uma grande parte das empresas do sector está verdadeiramente esmagada por gigantes. De um lado os fabricantes de matérias-primas e os fornecedores de energia e do outro lado os grandes fabricantes do sector automóvel, da aeronáutica, da indústria ferroviária ou da construção civil e obras públicas. Ensanduichadas entre os aumentos dos preços impostos quase unilateralmente pelos primeiros e as pressões efectuadas pelos segundos no sentido de baixar os seus preços de venda, as empresas têm muito pouca margem de manobra.
Por outro lado ainda, porque uma parte significativa do sector acaba por trabalhar em regime de subcontratação, sem um impacto directo visível na economia e na sociedade.
Num outro plano, porque o sector não se queixa tanto como outros. Sofreu tremendamente com a entrada no mercado único de novos concorrentes asiáticos sem que tenha merecido o apoio das autoridades europeias e/ou dos países membros. Mesmo assim, foi obrigado a resistir completamente sozinho. E se foi capaz de vencer essa enorme batalha foi apenas pelos seus méritos e jamais em consequência de medidas proteccionistas ou restritivas.
Finalmente, porque o sector é ignorado e mesmo frequentemente desprezado pelo poder político, o qual, geralmente, privilegia os maiores, os mais poderosos e os mais mediáticos.
Por tudo isto, o sector metalúrgico e metalomecânico, muito contra a sua vontade, parece mesmo invisível.
Contudo, se analisarmos a presença efectiva das empresas do sector na economia europeia, facilmente chegaremos à conclusão de que esta invisibilidade é verdadeiramente iníqua.
E no que concerne especificamente ao caso português essa sensação de injustiça é seguramente ainda maior.
Este sector é o que mais contribui para as exportações portuguesas. É o único que continua a gerar postos de trabalho. É aquele onde mais investimento tem sido realizado. E é seguramente o que tem mais empresas com estratégias de excelência bem definidas.
Cabe-nos a todos, em conjunto, disseminar esta mensagem positiva e ajudar a combater as ideias erradas que subsistem a respeito do nosso sector e fundamentalmente a lutar contra a indiferença a que somos votados.
A AIMMAP desde há muito que tem vindo a travar essa luta. Mas é fundamental que as nossas empresas engrossem as nossas tropas de uma maneira efectiva. Temos de ganhar este combate, até porque estamos fartos de parecer invisíveis.
O Presidente da Direcção
Aníbal Campos"

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