terça-feira, 9 de novembro de 2010

O esquecimento a que o Norte está a ser votado

No editorial da edição n.º 190 da revista “TecnoMetal”, o Presidente da Direcção da AIMMAP lamentou que o Norte de Portugal esteja a perder capacidade de atrair investimento por razões que, muitas vezes, são provocadas pelo poder central.

Tendo em conta a importância e a pertinência do tema, publica-se nas linhas subsequentes deste blogue o editorial em causa.

"Coesão e convergência

É sabido que o Norte de Portugal é uma das regiões mais deprimidas em termos económicos e sociais da União Europeia. Infelizmente, o fosso entre a Região Norte por um lado e outras regiões do nosso país por outro lado continua a aumentar.
Como se tal não bastasse, o Norte e os centros de poder estão cada vez mais distantes entre si.
Para ilustrar tal asserção, bastará analisar os exemplos de algumas entidades públicas de grande relevância para a actividade empresarial, como a AICEP ou o IAPMEI, as quais, apesar de formalmente possuírem as suas sedes no Porto, já não têm nessa cidade um único administrador residente.
Sempre que um gestor ou empresário do Norte do país tem de contactar alguma instituição pública para tentar resolver um assunto importante para a sua empresa é obrigado a deslocar-se a Lisboa.
Ora, o nosso país em geral vai sendo cada vez menos atractivo para o investimento, não só estrangeiro como também nacional.
O Norte é afectado por tal situação tal como todas as restantes regiões do país. Sucede porém que a capacidade de atracção do Norte é em termos comparativos ainda mais estreita do que a do país.
A região Norte vive pois este drama de começar a consolidar a imagem de ser a zona menos atractiva de um país que já de si tem pouca capacidade de atrair investimento.
A AIMMAP tem obviamente um âmbito nacional, defendendo os interesses de empresas localizadas em todo o território português.
Não pode porém deixar de representar os interesses específicos das empresas de cada região. Seja, no Norte, no Centro ou no Sul do país, há empresas deste sector que reclamam o apoio da AIMMAP.
Nesse sentido, a nossa associação está profundamente inquieta com a indiferença a que as largas centenas de empresas suas associadas com sede na Região Norte estão a ser votadas pelo poder político e pela administração pública.
E legítimo que exijamos um maior acompanhamento do Estado a essas empresas.
E não podemos aceitar que, pelo contrário, ao invés de contribuir para mitigar este problema, o Estado português esteja a agravá-lo cada vez mais.
Nesse sentido, é fundamental que os serviços de apoio às empresas sejam rapidamente reforçados na região Norte e nomeadamente na cidade do Porto.
E é verdadeiramente curial que sejam correctamente canalizados para as chamadas regiões de convergência os fundos previstos no QREN para reforço da coesão do país.
Seria aliás lamentável que viesse a constatar-se que alguns desses fundos estão a ser desviados para outros fins. E que, concomitantemente, o Fundo de Coesão, ao invés de estar a contribuir para atenuar as diferenças e desigualdades entre as regiões mais pobres e as mais ricas, está, de forma perversa, a agravar ainda mais esse fosso.

O Presidente da Direcção
Aníbal Campos"


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