sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Futuro incerto para as empresas

No editorial da edição n.º 197 da revista “TecnoMetal”, o Presidente da Direção da AIMMAP, não deixando de valorizar o excelente desempenho do setor metalúrgico e metalomecânico em 2011, manifestou a sua inquietação relativamente ao futuro, o qual, conforme fez questão de sublinhar, começa a caracterizar-se por um grande grau de incerteza.

Tendo em conta a pertinência e a assertividade das palavras de Aníbal Campos, transcreve-se em seguida o referido editorial.

"Um ano de incertezas

O ano de 2011 findou com um balanço extremamente positivo no que concerne ao desempenho global do setor metalúrgico e metalomecânico português. Esse é naturalmente um motivo de grande orgulho para todos nós, empresários e dirigentes associativos desta indústria.
Não obstante o saldo geral positivo, há várias empresas do setor que, em maior ou menor grau, foram assoladas por dificuldades das mais diversas índoles. A todas essas empresas fazemos questão de endereçar uma palavra especial de incentivo, recordando uma vez mais que a AIMMAP está aqui para as apoiar em tudo o que estiver ao seu alcance.
Apesar de tudo, tal como comecei por referir, em termos globais a performance é muito honrosa.
Este setor continuou a ser o responsável por aproximadamente uma terça parte das exportações nacionais e cresceu cerca de 20% no total das suas vendas para o exterior relativamente ao ano anterior.
As importações de bens e produtos metalúrgicos e metalomecânicos caíram cerca de 5%.
O volume de negócios do setor aumentou de 25 para 26 mil milhões de euros.
Num momento em que a taxa de desemprego cresceu assustadoramente, as nossas empresas foram criadoras líquidas de emprego.
Aumentou o número de empresas certificadas, cresceu o investimento em propriedade industrial e continuámos a ser o setor que mais investe em investigação e desenvolvimento.
A sinistralidade laboral manteve a sua tendência decrescente e aumentou a taxa de cobertura de formação profissional.
Mais importante ainda, o nosso setor vale hoje em dia bem mais de 15% do PIB.
Relativamente a 2012 esperamos sinceramente manter esta performance positiva.
Não obstante, realisticamente, temos de reconhecer que são muitas as dificuldades com que nos iremos deparar.
Os custos da energia elétrica irão aumentar entre 15 e 25%. Tendo em conta o peso que esse fator assume na estrutura de custas das nossas empresas, será muito difícil mantermos a nossa competitividade.
Por outro lado, são cada vez maiores as dificuldades no acesso ao financiamento e muito particularmente junto da banca. Ora, sem crédito é difícil mantermos os nossos níveis de exportação.
A própria dinâmica dos mercados internacionais é por si só inquietante. As inúmeras empresas com que vamos falando são unânimes: não é possível fazer previsões que ultrapassem o curto prazo.
A incerteza será pois a principal característica de 2012 para as empresas em geral e para as empresas do setor metalúrgico e metalomecânico.
Temos a noção clara de que não podemos contar com ajudas de terceiros. Pelo contrário, teremos de ser nós a resolver os nossos próprios problemas.
No que concerne à AIMMAP é exatamente esse o pressuposto que se encontra subjacente à forma com que o seu Plano de Atividades foi elaborado. E aconselho todos os nossos associados a reverem esse importante documento, não só para se inspirarem como também para poderem procurar iniciativas da AIMMAP que vão ao encontro das suas necessidades.
Quanto ao Governo, sabemos que o mesmo não pode fazer nem fará milagres. Além disso, não é sua missão subsidiar as empresas e a atividade económica.
Porém, não significa o exposto que o Governo não tenha muitas responsabilidades. Aliás, quando as possibilidades de ajuda material de um Governo à economia são menores, maiores serão seguramente as suas obrigações de apoio às empresas.
Precisamos de um Ministério da Economia a sério. Que saiba estimular e incentivar as empresas. Que saiba falar a linguagem dos pequenos, médios e grandes empresários. Que esteja presente nos momentos importantes. Que ajude a desbloquear os obstáculos. Que facilite a eliminação dos custos de contexto. E que fomente o empreendedorismo, nomeadamente junto daqueles que já demonstraram competência nesse domínio.
Sucede que, até ao momento, não é esse o Ministério que temos. Há quem diga que o problema está no Ministro. Mas há quem conteste e defenda que o problema é a excessiva dimensão do Ministério. Como ninguém se entende na resolução deste dilema, sugiro a quem de direito que analise a raiz do problema e trate do assunto de uma vez por todas. E ou se muda o Ministério, ou se troca de Ministro. O nosso país é que não pode esperar mais.
O Presidente da Direção
Aníbal Campos"


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