quarta-feira, 16 de maio de 2012

A respeito do papel dos polos de competitividade e dos clusters

No editorial da edição n.º 199 da revista “TecnoMetal”, o Presidente da Direcção da AIMMAP chamou a atenção para o facto de os polos de competitividade e os clusters terem uma função na sociedade portuguesa que não pode nem deve colidir com as competências tradicionais das associações empresariais e de empregadores.

Além disso, desincentivou as eventuais tentações dirigistas do estado português no domínio da gestão dos referidos polos e clusters.

Considerando a importância do assunto, transcreve-se em seguida o referido editorial.


"Os clusters e os polos de competitividade

Tal como o governo anterior, também o atual parece querer apostar no desenvolvimento dos chamados clusters e polos de competitividade.
Em termos conceptuais, a ideia é boa e tem todas as condições para, se mais não for, potenciar a cooperação e a criação de sinergias entre as empresas.
Inclusivamente, ao longo dos poucos anos que os polos de competitividade levam de atividade, têm surgido no seu âmbito alguns projetos interessantes para a economia nacional.
A AIMMAP não tem quaisquer preconceitos relativamente a esse tipo de estruturas associativas. Aliás, é sócia fundadora e membro empenhado da PRODUTECH, a associação que gere o pólo de competitividade das tecnologias de produção, também designado PRODUTECH.
O referido polo tem prestado serviços relevantes à indústria, apoiando a internacionalização das empresas e fomentando a inovação. Naturalmente, a AIMMAP está altamente empenhada em contribuir para a consolidação do papel da PRODUTECH como verdadeira entidade dinamizadora da indústria portuguesa.
Não faz porém qualquer sentido que se pretenda confundir o papel dos clusters e dos polos de competitividade na sociedade portuguesa com as competências que desde há muitos anos são desenvolvidas pelas associações empresariais em geral e as associações de empregadores em particular.
E não aceitamos de todo que alguns governantes pretendam instrumentalizar aqueles clusters e polos no sentido de, através deles, tentarem desvalorizar a importância das associações de empregadores.
Infelizmente, parece ser isso que está a suceder. E há quem, sentindo-se incomodado com a voz livre e independente das associações, quer abafar a sua atividade substituindo-a por um reforço do papel desenvolvido pelos polos de competitividade.
Esse é todavia um tremendo erro estratégico. Os polos e os clusters devem respeitar a sua vocação e centrar a sua atividade em domínios bem delimitados, dinamizando a cooperação entre as empresas, potenciando a execução de projetos conjuntos entre elas e contribuindo para o fomento da inovação.Mas não devem nem podem imiscuir-se nas tarefas e atribuições das associações de empregadores. E nesse sentido, é verdadeiramente intolerável que ousem falar em nome dos setores de atividade ou das regiões, o que é uma competência exclusiva e inalienável das associações empresariais e de empregadores.
Mais grave ainda é que seja o poder político a querer forçar os polos a assumirem esse papel. Mas é bom que se saiba que o movimento associativo não o aceitará.
Independentemente do exposto, há uma questão complementar que não pode deixar de ser enfatizada. Qualquer que seja a função dos polos de competitividade, uma coisa terá de ser certa: os seus dirigentes têm de ser eleitos por empresários e jamais poderão ser nomeados politicamente. E é fundamental que os governos – este ou os próximos -, se livrem totalmente de tal tentação. 
O Presidente da Direcção
Aníbal Campos"

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